RUI OLIVEIRA

Rui Oliveira - Stam 939 C

1.  Amigo Rui, já és sócio do nosso clube há quanto tempo?
Olá a todos, já sou sócio do COBL desde finais da década de 90 talvez 1997…

2.  Quando é que te surgiu esta paixão, por criar passarinhos?
O gosto por aves provavelmente existe desde que me conheço, quanto a “paixão” é um adjectivo bastante forte, mas sim, posso considerar paixão desde que me iniciei na participação em exposições organizadas pelos clubes da região.

3. Durante muitos anos conheci-te sempre a criar canários, se bem que também tinhas alguns casais de psitacídeos de pequeno porte, actualmente viraste-te em definitivo para a criação de psitacídeos de grande porte, o porquê desta reviravolta?
O meu grande prazer de criar foi e será sempre os canários, tentei após o Mundial de 2001 em Sta Maria da Feira, iniciar-me com fauna europeia, mas sem sucesso. Por motivos de ordem profissional, o pouco tempo livre que tinha para cuidar dos canários, a reviravolta foi quase por obrigação, quase que “roubada”, pois a crise que desde 2008 nos tem vindo a atormentar a vida, facilitou os patrões que aproveitaram

para nos pressionar ainda mais, e daí a impossibilidade de continuar com a criação dos canários, embora tivesse sempre a ajuda da minha esposa. Na impossibilidade de continuar com as aves que mais me fascinam, optei por adquirir alguns casais de papagaios, pois não obedecem a tanto rigor nos cuidados, é diferente e quando se tem crias dá um prazer muito mais interessante, são aves que após os dois meses de idade já começam a interagir connosco.

4. Neste momento estás a criar com quantos casais e de que raças?
Neste momento possuo 18 casais de psitacídeos, mas a expressão “com quantos casais estás a criar” é muito vaga, pois são aves que apenas acasalam e criam quando são compatíveis, e ainda não consegui essa compatibilidade na totalidade dos casais; acontece que ainda tenho muita falta de experiência e, como em quase tudo neste País, o egoísmo a ausência de sinceridade e a ganância, não nos deixa evoluir muito, ou seja, podes e deves ser um auto-didacta e ter sucesso, ou seres persistente e correr riscos, riscos que neste tipo de aves são demasiado onerosos. Ainda estou em fase de laboratório, e em Portugal a informação escrita sobre este tipo de criação é quase inexistente.

As espécies que possuo neste momento são:

Amazonas Automnalis (2 casais)
Amazonas Aestiva (2 casais)
Amazonas ocrocéfala (3 casais)
Catatua Gahla (1 casal)
Arara araraúna (1 casal)
Cinzentos africanos (5 casais)

5. Quando necessitas de adquirir algum exemplar, tens facilidade em encontrar aquilo que procuras…?, e a quem é que costumas recorrer?
A resposta a essa questão vai no seguimento da anterior, existem criadores que quando possuem uma ave que apresenta problemas de saúde não visíveis, ou de infertilidade tentam “despachar”, e quem adquire só após a consulta de um bom veterinário obtém resultados reais. Assim, como outros, já fui enganado algumas vezes e agora optei por adquirir aves bebés e ser paciente e aguardar que atinjam o seu estado adulto, quanto ao que se procura, existe de tudo e dou preferência a alguns criadores já conhecidos, mas com os habilidosos que por cá gravitam, devemos ter em conta as ofertas e a relação preço/qualidade. Aconselho a que antes de se adquirir uma ave adulta, a mesma possa ser examinada por um veterinário da nossa confiança.

6. O Clube têm uma página na internet, qual a tua opinião sobre a mesma?
O COBL soube sempre acompanhar as novas tecnologias, e com o contributo de alguns sócios e amigos do clube, está colocado num patamar do mais alto nível do que se faz nos seus congéneres, e a página na internet é a prova das oportunidades bem conseguidas que são uma mais-valia.

7. Sei que, como criador de canários participas-te em várias exposições, para quando a tua participação em exposições com psitacídeos?

É verdade que participei em diversas exposições enquanto criador de canários, mas como todos nós sabemos, os canários têm o seu período anual quase demarcado para a sua reprodução, e após a muda se encontram preparados para expor. Como já referi atrás, os psitacídeos de grande porte, não nos permitem fazer planos ou previsões, mas logo que me deem oportunidade irei com todo o prazer expor.

8. Deves ter conhecimento, que o nosso clube tem vários sócios medalhados em campeonatos nacionais e mesmo Mundiais, achas que eles devem continuar a participar nestes eventos para dignificar o Clube e mesmo a ornitologia Nacional?
Claro que sim, e desde logo os meus parabéns. O objectivo é sempre chegar mais além, e como em qualquer actividade onde existe competição, será certamente o desejo de todos serem campeões do Mundo. Devemos se possível apoiar os actuias para que se mantenham no topo, e ajudar a criar condições para que muitos mais nos deem a alegria de o virem a ser.

9.     Qual a tua opinião sobre as exposições efectuadas pelo nosso clube?
O COBL já nos habituou a ter exposições de muito alta qualidade, a fasquia já está colocada muito acima daquilo que por aí se vê, a vontade das Direcções será a de a manter lá, o que não irá ser muito fácil. Já visitei alguns Nacionais com qualidade muito inferior. Devemos louvar todos os que ajudam na preparação e realização da Nossa exposição, e também todas as outras que se realizam de Norte a Sul do País, todos se esforçam por fazer um bom trabalho, nem todos conseguem os melhores espaços e apoios, mas há que trabalhar no sentido de cada vez sermos melhores, e improvisar…

10.  Há bem pouco tempo houve eleições no clube, tu como Presidente da Assembleia Geral do clube, o que é que tens a dizer da participação dos sócios nestas assembleias?
Lamentavelmente, na generalidade das Associações a comparência dos seus associados é sempre reduzida, e o COBL não é excepção. Apesar do número de associados no pleno gozo dos seus direitos ser bastante razoável, os mesmos não se mobilizam para os actos que podem ter carácter marcante, com decisões que possam ser tomadas, afectando e em última consequência colocar em risco a continuidade e levar á extinção da associação/clube, por outro lado esvazia um pouco as vontades das Direcções na realização de outras actividades que nem sempre estão interligadas com a sua actividade principal.

11.  Nos últimos anos, o Clube o têm feito o transporte das aves dos sócios do clube para os campeonatos nacionais, achas esta medida bastante importante, para a participação dos sócios nestes eventos, ou pensas que cada qual deveria levar as suas Aves?

Na minha humilde opinião, á semelhança com o que podemos constatar nas associações ligadas á Columbofilia, os clubes devem se assim for possível tentar ajudar a criar condições e não escusas, á maior participação possível dos associados nos eventos de carácter Nacional e Internacional. Com isto, não quero dizer que ainda assim, em casos isolados os associados pensem e hajam como se as Direcções sintam a obrigação de tratar, zelar e quase que preparar as aves dos sócios a concurso.

12.  Sei que já tiveste a oportunidade de visitar alguns Mundiais, do que tens visto por essa Europa fora e mesmo os que se têm realizado cá em Portugal (Santa Maria da feira 2001 / Porto 2010), na tua opinião, qual desses que visitas-te te agradou mais?
Felizmente já tive a oportunidade de visitar alguns Mundiais, bastante bem organizados, com número de visitantes que mais parece um jogo de futebol das primeiras ligas. Mas, aquele que mais me marcou pela positiva em todos os aspectos, foi sem dúvida o campeonato do Mundo 2001 em Santa Maria da Feira.

13.  Estive contigo e com o amigo Jorge Almeida no ultimo campeonato Nacional de Espanha ( Talavera de lá Reina ), o que achas-te desse evento em relação aos campeonatos Nacionais?

Em primeiro lugar dizer que foi um trio fantástico. Depois lamentar a deficiente informação da localização do espaço onde se realizou a exposição. Referir apenas que a viagem valeu a pena somente pelo convívio e camaradagem, pois na minha opinião em termos de qualidade não fiquei nada agradado, a exposição mais parecia um regional, e lembrar que uns meses atrás visitámos um Mundial também em Espanha, mas não serviu de aprendizagem. Apesar das poucas condições que dispomos, os campeonatos Nacionais Portugueses têm maior e melhor qualidade.

Algumas perguntas sobre a tua criação.

14.  Para se ter sucesso na criação de psitacídeos, na tua opinião quias são os cuidados a ter?

Penso que seja muito relativo, a limpeza, higiene, local bem arejado e com a possibilidade de as aves poderem apanhar sol e chuva ao natural e directo, e o mais importante, conseguir formar casais compatíveis para não nos causarem prejuízos.

15.  Qual o método que utilizas para seleccionar os teus reprodutores?
O mais importante é ter atenção á proveniência, e não acasalar sub-espécies diferentes.

16.  Dás algum tratamento ou preventivo antes de juntar os teus casais?
As minhas aves vivem acasaladas o ano inteiro, e apenas administro vitamina E na água a partir de Janeiro.

17.  A alimentação que utilizas durante as várias fazes da criação, é a mesma ou alternas conforme a época do ano?
A alimentação que utilizo durante o ano são granulados da Versel e fruta, durante os meses mais frios administro com os granulados algum girassol.

18.  Quando fazes os casais, deixa-los todo o ano juntos ou separa-los numa determinada data?
Penso já ter dado a resposta na questão 16, mas este tipo de aves são para toda a vida, salvo se acontecer a morte de um elemento do casal.

19.  Deixas os teus casais alimentar os seus filhos, ou utilizas a chocadeira, para poder rentabilizar os casais e para poder criar esses passarinhos à mão?
Se o casal já criou os seus filhos sem causar estragos, posso manter os ovos e as crias até aos vinte dias (altura de anilhar), se há casais que por experiência não chocam, comem os ovos ou não alimentam os filhos, tenho que estar atento e sempre que possível retiro os ovos e coloco na chocadeira para os chocar artificialmente, e depois criar artificialmente as aves á mão desde o 1º dia, o que é bastante interessante, mas muito trabalhoso. Tenho a sorte de a minha esposa também gostar bastante de aves  e de repartir comigo essa difícil tarefa de criar á mão.

20.  Existem muitos psitacídeos que só atingem a maturidade ao fim de alguns anos, tens alguns casais desses, se tens quais?
Quase todos, ou uma grande maioria dos grandes psitacídeos, só atingem o estado adulto depois dos quatro anos, mas existem outros que que só aos 7/8 anos. Tenho um casal de catatuas que ao segundo ano me deu ovos férteis.

21.  Tens facilidade em vender as tuas aves?

Até ao momento tenho conseguido ceder as minhas aves, mas devo referir que não tem sido em número muito grande. O objectivo é não ter que fazer arroz de papagaio. Seria demasiado dispendioso…

Agradeço a oportunidade que me concederam para poder partilhar algumas ideias e experiências, e desejar a ti Toni, os maiores sucessos que sejas campeão do Mundo pois é o único titulo que te falta, e ao COBL o desejo que seja o clube Português de referência na Ornitologia Nacional!

Entrevistador – Tóni Duarte
Rui Oliveira desejo-te desejo-te a maior sorte na criação das tuas aves e espero que possas participar como expositor na EXPO –AVE OLIVEIRA DO BAIRRO 2014.